Foi solicitada a assistência de emergência para uma doente com depressão aguda, que vive sozinha, mantendo contacto com apenas 2 primos, um dos quais a viver no Maputo e que pediu ajuda. A psicóloga do INEM aconselhou que a doente fosse levada à consulta da especialidade no Hospital de Santa Maria (HSM), aonde a doente se dirigiu acompanhada por Frei Fernando Ventura. A médica que os atendeu desvalorizou a doença e não deu credibilidade à ameaça de suicídio da doente, que já tinha tido uma tentativa anterior, indo ao ponto de preconizar, se tal acontecesse, que fosse chamada uma ambulância para recolher o corpo.
Frei Fernando Ventura, incrédulo com a resposta, solicitou ajuda à Associação Nacional de Deficiências Mentais, tendo conseguido que a doente passasse a noite na urgência do HSM de onde teve alta no dia seguinte. Posteriormente, a doente foi internada na unidade de psiquiatria da Congregação das Irmãs Hospitaleiras do Coração de Jesus e Frei Fernando Ventura apresentou queixa no HSM e na Ordem dos Médicos.
Quantos casos, semelhantes a este, acontecem em Portugal? E, mesmo que se apresente queixa, a maior parte das vezes esta é desvalorizada, o hospital responde com evasivas, normalmente em favor do seu funcionário e do serviço que o integra, nunca suscitando das administrações um inquérito ou uma auditoria que apure o culpado ou culpados. Já nos vamos habituando à impunidade, a tal ponto, que muitos de nós já nem reclamamos, acabando, deste forma, por contribuir para que a irresponsabilidade campeie e nos vá transformando numa sociedade de selvagens.
Um aplauso para a acção de Frei Fernando Ventura. Se não fosse ele, provavelmente o caso nem viria a público e seria contabilizado mais um suicídio para as estatísticas. Sobretudo agora, que as pessoas vão sendo cada vez mais reduzidas a números e a sua dignidade vai sendo cada vez mais esquecida.
Ligação: Rute Fonseca conversou com Fernando Ventura sobre o caso [TSF].
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