terça-feira, 30 de abril de 2013

AUSTERIDADE NA JUSTIÇA

Já todos nos vamos apercebendo que a austeridade não é distribuída com equidade por todos. Acreditamos que seja difícil, mas há situações que são mesmo gritantes e não deixam muito bem na fotografia os responsáveis, se não forem rectificadas. A este propósito, o bastonário da Ordem dos Advogados, Marinho e Pinto, escreveu um artigo intitulado "Austeridade e Privilégios", publicado no "Jornal de Notícias" de 29 de Outubro 2012, e do qual reproduzimos os dois últimos parágrafos, que, entretanto, temos recebido, por correio electrónico, de vários leitores.
[...]
O primeiro-ministro, se ainda possui alguma réstia de dignidade e de moralidade, tem de explicar por que é que os magistrados continuam a não pagar impostos sobre uma parte significativa das suas retribuições; tem de explicar por que é que recebem mais de sete mil euros por ano como subsídio de habitação; tem de explicar por que é que essa remuneração está isenta de tributação, sobretudo quando o Governo aumenta asfixiantemente os impostos sobre o trabalho e se propõe cortar mais de mil milhões de euros nos apoios sociais, nomeadamente no subsídio de desemprego, no rendimento social de inserção, nos cheques-dentista para crianças e - pasme-se - no complemento solidário para idosos, ou seja, para aquelas pessoas que já não podem deslocar-se, alimentar- -se nem fazer a sua higiene pessoal.
O primeiro-ministro terá também de explicar ao país por que é que os juízes e os procuradores do STJ, do STA, do Tribunal Constitucional e do Tribunal de Contas, além de todas aquelas regalias, ainda têm o privilégio de receber ajudas de custas (de montante igual ao recebido pelos membros do Governo) por cada dia em que vão aos respetivos tribunais, ou seja, ao seus locais de trabalho.
Se o não fizer, ficaremos todos, legitimamente, a suspeitar que o primeiro-ministro só mantém esses privilégios com o fito de, com eles, tentar comprar indulgências judiciais.

Ligações: Austeridade e Privilégios [Jornal de Notícias]; Carga fiscal em Portugal foi a que mais aumentou na União Europeia [Negócios].

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