quinta-feira, 25 de julho de 2013

A GERIATRIA POLÍTICA DOS 'JOTAS'

Até agora, era habitual que os ministros, como prova de sobrevivência política, inaugurassem o mesmo empreendimento mais que uma vez. As pessoas e mesmo os media, com memória curta ou benevolência cúmplice, ajudavam a que muitos políticos menos escrupulosos nos entrassem em casa, em hora de grande audiência, através do pequeno écran, e provassem que estavam vivos políticamente e a trabalhar em grandes projectos a bem da nação. 
Os políticos sabem que só existem se aparecerem nos media e as técnicas de marketing político têm evoluído bastante e sido aplicadas em Portugal, a ponto de transformar Goebbels - se fosse vivo - num mero aprendiz das técnicas de propaganda política. 
A repetição, ontem, da tomada de posse de velhos ministros chefiados pelo mesmo primeiro ministro - só 3 são novos - constitui um exemplo paradigmático de manifestação de sobrevivência política dos protagonistas de um governo ferido de morte pela demissão com explicação escrita de Vítor Gaspar seguida da de Paulo Portas. 
É preciso mudar a aparência para dar a ideia de novo. É como o escopo da indústria cosmética. A inovação está em repetir tomadas de posse em vez de repetir inaugurações. Mas, como diz Pacheco, no Navio Fantasma, a crise e a sua génese continuam latentes e a próxima paragem chama-se eleições. 
Bem pode a jotocracia cooptar mais jotas ou ex-jotas ou recauchutar-se com o "vôvô" Machete para lhe dar uma aparência de seriedade e respeitabilidade, que os grandes protagonistas da instabilidade e inoperacionalidade da própria coligação continuam lá, quais crianças repreendidas das suas traquinices pelo professor Cavaco.
As eleições estão inevitávelmente no horizonte, apesar de nos quererem convencer que não são solução para a crise governativa. A menos que o PSD entre na normalidade ideológica, Seguro vai ser provávelmente o próximo primeiro-ministro e vamos poder comparar a capacidade política de um ex-jota que chegou a primeiro ministro sem qualquer experiência governativa (e que tem um ministro que nos considera publicamente um protectorado) e um ex-jota da oposição que foi secretário de estado e ministro, conhece a administração pública e não cairá certamente nos erros de Passos e de Sócrates.

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