quarta-feira, 18 de setembro de 2013

DÉFICE DE ÉTICA POLÍTICA (TAMBÉM) AUMENTA

É quase sempre assim: a culpa morre quase sempre solteira e quase ninguém quer assumir responsabilidades. As declarações de Almerindo Marques, ex-presidente da empresa pública Estradas de Portugal (EP), à Comissão Parlamentar de Inquérito, são bem claras: estando a EP impedida de fazer qualquer operação financeira sem o aval da tutela, a empresa teve que submeter ao IGCP um contrato de financiamento de 150 milhões de euros, que incluía um contrato "swap", com o Deutsche Bank.
Quem deu o parecer favorável foi a então técnica superior do IGCP Maria Luís Albuquerque. A agora ministra das Finanças Maria Luís vem agora dizer do alto do seu pedestal que a ex-técnica do IGCP Maria Luís analisava pedidos de empréstimos de empresas públicas e não "swaps". Ora, se o swap fazia parte do contrato de empréstimo a celebrar pelo banco a técnica Maria Luís não deveria ter dado parecer favorável sem o conhecer. Se o fez ou foi irresponsável ou incompetente, ou as duas coisas. 
O comunicado e os documentos distribuidos aos jornalistas a dizer que "não correspondem à verdade as declarações proferidas ontem pelo dr. Almerindo Marques, ex-Presidente da Estradas de Portugal, na Comissão Parlamentar de Inquérito quanto à aprovação pela senhora ministra de Estado e das Finanças, enquanto técnica do IGCP, de contratos de swap [instrumento de gestão de risco financeiro] associados aos empréstimos das Estradas de Portugal" afunda cada vez mais a ministra Maria Luís no pântano que é o caso dos "swaps" e retira-lhe a credibilidade política. 
Já nos bastava o Marco António querer passar incólume dos "swaps" do Metro do Porto por ser administrador não executivo da empresa. Ora um administrador não executivo apenas não tem pelouro distribuído, mas faz parte parte da administração e vai e vota nas reuniões do conselho de administração. Portanto, também aprovou os swaps do Metro do porto. Marco António podia não ir às reuniões nem aparecer na empresa e receber apenas o ordenado e as ajudas no fim do mês. Mas, neste caso, evidenciaria falta de honestidade pessoal e política. Entre envolvimento nos "swaps" e desonestidade venho o diabo que escolha. Saíu discretamente do governo (deixando de ser secretário de Estado) e ficou só no partido. O governo terá ficado mais virtuoso mas o partido não. 
Maria Luís não saíu do governo, mas deixou-o mais fragilizado e não contribuiu para a credibilidade da política e dos políticos.

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