domingo, 7 de fevereiro de 2010

Les Temps Modernes

Ontem, em trânsito para Varsóvia, o treinador da selecção nacional de futebol agrediu um comentador da SIC. Queiroz (o treinador) não apreciou os comentários de Jorge Baptista (o comentador) e partiu para a agressão no aeroporto da capital lusa.
Houve uma troca de palavras azedas e uns empurrões, mas nada de especial. Foi apenas uma troca de palavras. Nada de mais. Já está tudo ultrapassado, até porque nos conhecemos há mais de 20 anos”, desvalorizaria Queiroz, mais tarde, a propósito do incidente.


"De repente voltou para mim, agarrou-me no pescoço, agrediu-me, deu-me um soco, eu tentei reagir, ele continuou a tentar socar mais e quando me libertei tentei dar-lhe dois pontapés e um murro. Foi o que aconteceu. Isto parece uma bulha de crianças”, contraporia, já em Varsóvia, o comentador.


Não fora a responsabilidade institucional inerente aos cargos dos protagonistas e a série de acontecimentos recentes, relacionados com a liberdade de expressão, e estaríamos perante uma trivial (?) rixa, entre “amigos” ou conhecidos de há mais de 20 anos, que se queriam "cumprimentar" com 20 murros e foram separados "normalmente" pelos outros passageiros na sala de embarque.

Se acrescentarmos a este incidente, a divulgação, no princípio do mês, do episódio narrado no recente artigo , de 26 de Janeiro, do jornalista da SIC, Mário Crespo e, no passado sábado, o teor dos despachos do juíz titular do processo “Face Oculta”, pelo semanário “Sol”, e as gravações audio do caso "Apito Dourado" ficamos a saber que há muitas figuras públicas que não gostam que o seu desempenho seja avaliado publicamente como inadequado* e que, por isso, tomam medidas "eficazes" para a resolução desses problemas.

Bem pode Fernanda Câncio demonstrar no “Diário de Notícias” que não se “vivem tempos maus para a liberdade de expressão”, referenciando casos, como os de João Carreira Bom, Joaquim Vieira, ou Dóris Graça Dias. Ficamos sensibilizados de que, independentemente da ética ou da justiça, o pecado só aflige se vier a conhecimento público.

E, para não aplicarmos palavras duras,  concluiremos, no mínimo, que  estes casos revelam que alguns dos seus protagonistas têm duas faces antitéticas, uma pública e outra privada. E serão certamente candidatos a "heróis" da "Second Life".


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*usando a terminologia do SIADAP.

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