terça-feira, 22 de junho de 2010

A presença da NATO em Portugal

Vasco Martins, investigador do IPRIS (Instituto Português de Relações Internacionais), assina o artigo em título, no Diário de Notícias de sábado (19 Junho 2010), que, dado o seu interesse*, reproduzimos com a devida vénia.

Em Novembro, Portugal será o anfitrião na assinatura do novo Conceito Estratégico da NATO. Embora o documento final não tenha ainda sido revelado, Stefanie Babst, adjunta do secretário-geral da NATO, na sua recente visita a Lisboa, anunciou cortes orçamentais que poderão afectar a presença do comando da NATO em Oeiras - o Comando de Forças Conjuntas de Lisboa (JFCL).

A NATO é um elemento central na política externa portugue- sa, não só porque contribui para a defesa do Estado português, mas também porque permite simultaneamente uma projecção de poder militar superior ao que o País possui. Esta sobrevalorização das capacidades militares nacionais deve-se, em grande parte, à presença em Portugal do JFCL. O JFCL é um dos comandos mais relevantes da NATO em solo europeu. A sua importância equipara-se apenas aos comandos de Brunssum na Holanda e de Nápoles em Itália.

Acresce que o JFCL oferece às Forças Armadas Portuguesas (FAP) uma panóplia de vantagens ao nível de dinamização, formação e prontidão essenciais para Portugal. O JFCL não só permite fortalecer as FAP, através de operações como a Ocean Shield, operação antipirataria que actua ao largo da costa da Somália, como também serve de fórum, para que os diversos Estados troquem informações, planeiem exercícios militares e futuras missões, aumentando a compatibilidade e a interoperabilidade entre as diversas forças armadas dos Estados membros da NATO.

Com a compra de dois submarinos, Portugal aumentará consideravelmente o seu potencial naval, reforçando a segurança na sua área económica exclusiva - uma das maiores do mundo - e aumentando a sua capacidade de projecção de poder militar. Este esforço não pode deixar de ser reconhecido e valorizado pela NATO, numa altura em que precisamente se debatem os cortes no investimento na defesa. Tendo em consideração critérios de proporcionalidade, os recentes esforços das FAP e da Marinha em particular renovam e consolidam a vontade de participar e de assumir uma posição com visibilidade significativa na Aliança Atlântica.

Em nome do interesse nacional e tendo em conta a predisposi- ção natural para assuntos relacionados com os mares fazem com que Portugal não possa abdicar da única base europeia da NATO directamente virada para o oceano Atlântico


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*VM é bem conhecido dos ex-DGEMN, como o leitor pode conferir nessa edição impressa do "DN" (página 87):
. A sua vocação actual não é tão serôdia como se possa pensar. A atracção pela  geoestratégia advem-lhe das obras de reabilitação de construções militares antigas, promovidas pela DGEMN, como o Bugio e o Forte de Sacavém. A paixão pelas relações internacionais nasceu nas alturas, nas inúmeras viagens que o erário público lhe proporcionou, sobretudo entre a Portela e Fiumicino. E a fluência em inglês é ancestral: vem do mar e das conferencias internacionais do "heritage" com que construiu o seu curriculum na área do património.
Em tempo: A presente nota de rodapé fica sem efeito, face ao comentário aqui inserido pelo Director do IPRIS, bem como do seu e-mail de 2010.09.06, confirmando que a fotografia publicada não é do autor do artigo, Vasco Martins e saíu trocada por lapso do "DN". Aqui fica a rectificação com as nossas desculpas ao IPRIS e às pessoas envolvidas no equívoco.

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