O Conjunto Monumental do Terreiro do Paço foi um dos "ex-libris" arquitectónicos da cidade de Lisboa, cujo estudo, conservação e reabilitação esteve a cargo da Direcção Geral dos Edifícios e Monumentos Nacionais.
O acompanhamento e monitorização do comportamento estrutural, sobretudo da ala ocidental, foi objecto de vários estudos e vistorias de inspecção, de que se destacam os estudos realizados de 1949 a 2000 pelo LNEC, sendo os mais significativos os de Hamrol (1958), Castro (1966), Vieira e Leal (1999), tendo-se efectuado a medição de marcas de nivelamento ao longo do tempo. Em relatório de Novembro de 2000, os Doutores em Engenharia Civil Sousa Coutinho e Mary Mun concluem e propõem, nas medidas a tomar, que, embora seja claramente o torreão que arrasta o resto do edifício, se deve tratar a ala Ocidental do edifício. Não se considera necessária, nem mesmo aconselhável, a colocação do edifício na posição original, mas tão-somente o estancar dos assentamentos, que vinham provocando danos significativos.
Esperamos que a reabilitação executada pela Frente Tejo, SA, tenha sido suficientemente criteriosa e com boa consciência e tenha tido em consideração os estudos e as recomendações antecedentes, já que, tanto quanto se sabe, os organismos do Ministério da Cultura e os seus técnicos estiveram ausentes da presente reabilitação da Praça do Comércio.
Da Direcção Regional de Cultura de Lisboa e Vale do Tejo apenas se conhece a intervenção no Arco da Rua Augusta e no seu relógio que tarda em dar horas.
A este propósito transcrevemos o artigo do jornal "Público", de 23 de Março último, pela pena do jornalista Carlos Filipe, seguido de duas fotografias nossas, com vista do Arco da Rua Augusta e dos elementos escultóricos típicos.
«Director Regional de Cultura considera que intervenção no monumento é delicada, mas a abertura ao público é considerada imperativa
A subida pelo interior do Arco (do Triunfo) da Rua Augusta, que faz a ligação dos edifícios da Praça do Comércio classificados como monumento nacional, deverá ser permitida à fruição pública o mais tardar até Maio, dando acesso ao patamar do terraço com ampla visão sobre aquela praça e o Tejo e a Baixa pombalina.
Empenhada em renovar acessibilidades para potenciar o turismo, a Direcção Regional de Cultura (DRC) de Lisboa e Vale do Tejo considera mesmo que "é um imperativo a devolução do monumento à cidade", simultaneamente com a reabertura, em Maio, para a missa papal, de parte do Terreiro do Paço, já com o novo arranjo arquitectónico.
Aquela direcção de Cultura pondera o estudo de soluções profundas de intervenção no monumento, que classifica como "delicadas", mas João Soalheiro, que dirige a entidade, disse ao PÚBLICO que sem deixar de lado as hipóteses em estudo, a DRC "está empenhada em abrir ao público o monumento nas exactas condições que o mesmo oferece, embora isso signifique a adopção de condicionalismos vários, a exemplo do que se passa em monumentos emblemáticos espalhados por urbes históricas da Europa."
A história da intervenção no arco não é nova, e em 2006 já dela se falava, inclusivamente com recurso a mecenas, solução encontrada para a recuperação do relógio que lá se encontra. Mais tarde, em Outubro de 2007, por ocasião da apresentação da recuperação do mecanismo do relógio, com a presença da então ministra Isabel Pires de Lima, também foi dito quão prioritária seria a recuperação de todo o conjunto, ainda que não tenha sido anunciada uma calendarização. Todavia, foi assumida a intenção da sua abertura ao público, eventualmente com recurso a uma plataforma elevatória que permitisse aos visitantes evitar uma penosa escalada pelos mais de 80 íngremes degraus.
Relógio acerta no domingo
Já uma solução final para o funcionamento do relógio deverá ser encontrada até ao final de Abril. João Soalheiro admitiu ao PÚBLICO que o seu mecanismo revelou-se "caprichoso, ao ponto de voltar a falhar a sua missão, reacção que surpreendeu os especialistas". Por isso, a DRC está em processo de consulta às pessoas e instituições envolvidas [Cultura e mecenas], no sentido de serem equacionadas respostas técnicas capazes de solucionar o problema.
Luís Cousinha, neto do fabricante do actual mecanismo, admitiu recentemente problemas de ajustamento dos pesos e também no acesso ao local onde está alojado, mas rejeitou responsabilidades. "[O relógio] andará certo desde que lhe seja dada corda e na madrugada de domingo será acertado pela hora de Verão", disse ontem ao PÚBLICO.
O Arco da Rua Augusta, na versão final segundo projecto de arquitectura de Veríssimo José da Costa, foi construído entre 1873 e 1875.»
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