sábado, 31 de agosto de 2013

DOCUMENTOS SENSÍVEIS PROVOCAM NERVOSISMO BRITÂNICO

Quando David Miranda (companheiro de G. Greenwald) foi detido, pelas autoridades britânicas, estava na posse de milhares de documentos oficiais altamente sensíveis. 
David Barrett do Daily Telegraph emitiu alguns tweets a pormenorizar a declaração feita na sexta-feira, por Oliver Robbins responsável pela coordenação da segurança e inteligência do Reino Unido (RU).

Robbins orientou a sua actuação com o propósito de proporcionar às brigadas de segurança nacional e à polícia mais tempo para investigar o material apreendido anteriormente, em 18 Agosto, tendo conseguido que o tribunal prorrogasse para sexta-feira o mandado que autorizava os agentes a continuarem a inspecção do material apreendido por razões de segurança.
Eis sete pontos pontos do depoimento de Robbins, que um especialista em segurança considerou extraordinariamente relevantes:
  • Robbins disse que o processo incluia 58 mil documentos que eram altamente classificados pela inteligência do RU;
  • Entre os documentos estava uma folha de papel com a senha de desencriptação;
  • A polícia desencriptou um ficheiro do disco rígido de Miranda com a referida senha;
  • O material continha informação pessoal que permitiria a identificação de colaboradores da inteligência britânica, incluindo a sua localização no estrangeiro;
  • Devido ao tamanho e ao escopo do material em análise, o governo britânico acredita que Edward Snowden se apoderou de uma enorme quantidade de documentação; 
  • No que pode ter um desenvolvimento particularmente complicado, o governo do RU teve que admitir que os dados recolhidos estão nas mãos de governos de países para os quais Snowden viajou: Hong Kong e Rússia. 
  • Robbins argumentou que é impossível a Greenwald ou a qualquer jornalista determinar que informação pode prejudicar a segurança nacional.
Robbins disse que o material apreendido contém a descrição de técnicas altamente sofisticadas que têm sido cruciais para salvar vidas em operações de contra-terrorismo e outras actividades de inteligência vitais para a segurança nacional do RU e que a exposição destes métodos seria altamente perigosa para a segurança nacional do RU e colocaria vidas em risco.
A declaração do governo reclama que os documentos na posse de Miranda, de Greenwald e do jornal The Guardian constituem uma ameaça à segurança nacional, particularmente porque Miranda transportava a senha juntamente com um conjunto de dispositivos electrónicos, aonde estavam armazenados documentos.
Uma regra básica é ter as senhas separadas dos ficheiros de computador ou contas a que dizem respeito. Oliver Robbins disse, num depoimento de 13 páginas, que a informação a que tinha tido acesso consistia inteiramente em material desapropriado de 58 mil documentos, altamente classificados pela inteligência do RU. 
Miranda foi preso no aeroporto de Heathrow com base numa lei anti-terrorista do RU, quando regressava a casa no Brasil. Demorou uma semana em Berlim a visitar a jornalista Laura Poultras, que esteve a trabalhar com Greenwald na publicação de um livro sobre as fugas de informação da NSA, provocadas por Edward Snowden.
Miranda procedeu judicialmente contra o governo, declarando que o fazia porque tinha a convicção que os seus direitos estavam a ser claramente violados pelas autoridades do RU e que as liberdades básicas de imprensa estavam agora ameaçadas pela tentativa de criminalização do trabalho legítimo de um jornalista.
Glenn Greenwald diz que o governo britânico é incapaz de indicar uma única história que tenha publicado em que tenha sido posta em causa a segurança nacional. A única motivação que têm apresentado são os interesses políticos ingleses e americanos à volta do mundo, que têm sido acautelados de uma forma ilegal, inconstitucional e verdadeiramente perigosa, através de vigilância massiva e ilegal de pessoas de todo o mundo, incluindo dos seus próprios cidadãos.
Para Greenwald, a acusação de que tem havido irresponsabilidade, relativamente às medidas de segurança em relação aos materiais em que trabalham, é negada quando os serviços oficiais admitem não ter conseguido aceder a qualquer documento apreendido por - segundo palavras de responsáveis do governo - estes materiais estarem "pesadamente" encriptados (heavily encrypted) .
Pelo seu lado, um responsável de The Guardian diz que o jornal ponderou cuidadosa e demoradamente cada decisão de publicação e que nos encontros havidos com funcionários governamentais, estes elogiaram a sua atitude responsável, pelo que o comportamento do governo não condiz com a retórica, parecendo apenas tentar justificar e explorar um desanimador esbatimento entre terrorismo e jornalismo.

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