António Araújo, jurista, historiador e consultor do PR, deu uma entrevista a José Pedro Castanheira do "Expresso" online, cuja leitura, pelo seu interesse, sugerimos vivamente.
Sobre o Estado Novo e o problema da falta de rigor de alguns livros e da preferência das editoras pelo lado frívolo de Salazar, que suscitou a questão, por onde andariam os historiadores portugueses, António Araújo respondeu:
Sobre o Estado Novo e o problema da falta de rigor de alguns livros e da preferência das editoras pelo lado frívolo de Salazar, que suscitou a questão, por onde andariam os historiadores portugueses, António Araújo respondeu:
"Há atualmente um problema gravíssimo. Os historiadores que estão na academia já estão empregados. E os da minha geração, ou abaixo dela, estão à mercê dos programas de investigação da Fundação para a Ciência e a Tecnologia. Nunca tive nem pedi bolsas da FCT, mas amigos e colegas meus, que querem fazer trabalho sério, estão a ficar numa situação muito difícil. Isto devido a uma tentativa de transposição acrítica para as ciências humanas dos critérios das ciências exatas, bem como de uma ideia provinciana do que é a "internacionalização". Repare que quase todos os grandes intelectuais portugueses do séc. XX passaram pelo estrangeiro, internacionalização sempre existiu. Agora há é uma grande pressão para que só se escrevam artigos para as revistas internacionais ditas de classe A. As revistas portuguesas de História desapareceram todas. Não defendo o nacionalismo da investigação, mas, a prazo, a historiografia em Portugal pode vir a ser sufocada se estes critérios forem aplicados cegamente. Quem quiser escrever, por exemplo, um artigo de 10 ou 12 páginas sobre o Duarte Pacheco, em revistas estrangeiras, primeiro terá que explicar o que foi o Estado Novo, depois terá que fazer comparações com outros regimes e só nas 4 ou 5 últimas páginas poderá escrever qualquer coisa sobre o próprio Duarte Pacheco. Há ainda outro problema grave, que é o da cartelização das editoras, que dificulta a publicação de trabalhos sérios."
Na mesma entrevista, António Araújo fala da narrativa " Máscaras de Salazar" de Fernando Dacosta e diz que o livro "Homossexuais do Estado Novo" de São José Almeida é homofóbico e fascista. Araújo refere também o plágio de "Os Amores de Salazar" de Felícia Cabrita, pela francesa Diane Ducret, comprovado no seu blogue Malomil.
Ligações: As livrarias estão cheias de lixo sobre Salazar [Expresso]; French Kiss - 1, 2 e 3 [blogue Malomil].
Na mesma entrevista, António Araújo fala da narrativa " Máscaras de Salazar" de Fernando Dacosta e diz que o livro "Homossexuais do Estado Novo" de São José Almeida é homofóbico e fascista. Araújo refere também o plágio de "Os Amores de Salazar" de Felícia Cabrita, pela francesa Diane Ducret, comprovado no seu blogue Malomil.
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