A DGEMN conhecia os edifícios públicos e os materiais com que estavam construídos como nenhum outro organismo do Estado. A preocupação com a existência de materiais cancerígenos ou prejudiciais à saúde sempre foi constante e traduziu-se na sensibilização sobre esta matéria dos sucessivos membros do governo que tutelaram a DGEMN, até à sua extinção. Presentemente, o Estado não tem nenhum organismo com capacidade técnica e operacional para tratar dos edifícios públicos. Nem dos monumentos. A extinção de organismos sem critério é o que dá: mentes brilhantes e economicistas pensam que poupam mas não poupam e, depois, é o desastre.
O caso do amianto da Direcção-Geral de Energia e Geologia (DGEG) , em que a prevalência de cancro entre os funcionários - 19 doentes de câncro e 9 funcionários mortos pela doença nos últimos tempos - é significativa e deve trazer problemas de consciência a muita gente. Ainda que tenha a ironia negra de as mortes contribuirem para a melhoria das contas públicas. Os doentes é que não: vão sobrecarregar o Serviço Nacional de Saúde e a ADSE.
No final do ano passado, cerca de 70 trabalhadores subscreveram uma carta a denunciar superiormente a situação, realçando o caso de um funcionário que morreu em 2012 vitima de um «cancro fulminante». A missiva conta que a família enviou para uma clínica na Alemanha todos os exames realizados e que os médicos alemães disseram que a doença «terá sido provocada por exposição prolongada a ambiente com amianto».
O problema é conhecido pela associação ambientalista Quercus que alertou há dois meses o Ministério do Ambiente, mas ainda não obteve resposta, porque provavelmente o ministro anda mais entretido e preocupado com a sua imagem e com a propaganda partidária do que com os problemas do País.
Nesta conjuntura, a pergunta que qualquer cidadão honesto faz, é quantos edifícios públicos existem com amianto, a ameaçar a saúde dos funcionários e do público que os frequenta? E quem fala em amianto, podia falar noutros materiais e equipamentos prejudiciais à saúde, como aparelhos emissores de radiações ionizantes, cuja existência se desconhece ou, sendo conhecida, não é sujeita a controlo.
Ligações: Funcionários públicos de edifício com amianto alarmados com casos de cancro [TSF]; Estado desconhece que edifícios têm amianto? Realizar obras requer bom senso; Amianto está no telhado de 600 mil edifícios [Correio da Manhã]; O amianto em Portugal [CGTP]
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