Inicialmente, Glenn Greenwald disse que ele e a cineasta Laura Poitras receberam 10 mil ficheiros de Snowden, em Hong Kong, e o chefe da NSA, Keith Alexander, disse, por outro lado, que ele terá levado nada menos de 200 mil.
Recentemente, a NSA declarou à CBS que Snowden terá roubado 1,7 milhões de documentos classificados, tendo facultado 200 mil aos jornalistas com quem se encontrou em Hong Kong, e terá ficado, ainda, com acesso a 1,5 milhões.
As implicações da última parte desta declaração são especialmente preocupantes, uma vez que o ex-colaborador da NSA tem vivido sob protecção do FSB russo, desde que estendeu a mão ao Kremlin em Hong Kong e chegou a Moscovo a 23 de Junho.
Por seu lado, Snowden afirmou que todos os documentos classificados retirados dos sistemas internos da NSA tinham sido dados aos jornalistas que estiveram com ele em Hong Kong, mas essa asserção não faz sentido.
Snowden disse em Hong Kong que foi trabalhar para a Booz Allen com o único objectivo de conseguir obter provas da espionagem massiva que estava a ser feita pelos EUA e revelou o encontro de 10 de Junho entre Greenwald e Laura Poitras, ao South China Morning Post (SCMP), anunciando novas revelações para mais tarde.
Em Julho - enquanto Snowden vivia na zona de trânsito do aeroporto de Moscovo - Greenwald disse à Associated Press que Snowden estava literalmente na posse de milhares de documentos, cuja leitura levaria a conhecer exactamente o que a NSA faz e como faz, o que permitiria, por consequência, anular a vigilância e replicar.
Todos estes pontos levam a uma situação de pesadelo para os EUA, e potencialmente para civis de outros países.
Rick Ledgett, responsável pela task force pró-fuga de Snowden, disse à CBS que estaria a favor de uma garantia de amnistia se o resto dos dados pudesse estar em segurança e um ex-director da NSA (Bobby R. Inman) sugeriu mesmo que a agência os divulgasse todos.
Russos e chineses - que já vivem sob vigilância opressiva - podem também ser vítimas da fuga de informações, se parte dos sistemas do maior aparato de espionagem de sempre forem usados contra eles.
O dano potencial vai muito para além da vigilância massiva dos cidadãos (o escopo declarado da fuga de Snowden). No mês passado The Washington Post relatou que as autoridades americanas acreditam que Snowden levou 30 mil documentos secretos que não tratam da vigilância da NSA, mas primordialmente de inteligência standard noutros países e de capacidade militar, incluindo sistemas de armamento.
O ex-chefe da CIA e NSA, Michael Hayden, disse que perderia todo o respeito pelo Ministério da Segurança do Estado (chinês) e pelo FSB (russo), se eles não tivessem já recolhido completamente o tesouro digital de Snowden.
Neste ponto - mesmo que haja cepticismo em relação às declarações da NSA - é altura de levar a sério a promessa de mais revelações feita por Snowden, em Hong Kong.
Afinal de contas, torna-se claro que ele manteve acesso aos arquivos da NSA e depois deixou-se embalar ao colo do Kremlin.
Ligações: Officials Say U.S. May Never Know Extent of Snowden’s Leaks [NY Times]; Greenwald: 'Explosive' NSA Spying Reports Are Imminent [Spiegel online]; Surveillance is a necessary ‘hornet’s nest’: NSA Director Keith Alexander [Technically Baltimore]; In Shadows, Hints of a Life and Even a Job for Snowden [NY Times]; Snowden Says He Took No Secret Files to Russia [NY Times]; No Morsel Too Minuscule for All-Consuming N.S.A. [NY Times]; How many Documents did Edward Snowden take? [Joshua Foust].
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