O PSD não é hoje menos social democrata do que era antes. Não é liberal nem estalinista, como muitos bons malandros disseram, porque não genuflectiu perante os mercados financeiros, nem extinguiu completamente (ainda) o Estado, como queriam o Marx e o Lénin*.
Estes dois anos de poder laranja foram anos de muitas dificuldades para todos os portugueses e Passos agradeceu a disponibilidade de muitos para defenderem o governo. Passos repetiu que não foi o PSD que trouxe o País para a bancarrota. Tal como na escola primária, a culpa é sempre dos outros meninos.
Segundo Passos, nestes dois anos em que chefiou o governo foram cumpridos todos os objectivos, a saber: vencer a crise, fechar o processo de ajustamento e lançar as bases da nossa prosperidade. A economia está a crescer: aumentaram as exportações, baixou a taxa de desemprego e estamos melhor que o que estávamos. Até 2013 foi o melhor ano do turismo em Portugal.
Os portugueses é que não sentiram essa melhoria na carteira. Milhares, como o Tordo tiveram que emigrar para sobreviver e os bancos estão quase todos no vermelho. Mas, claro, a culpa não é do PSD, pois durante estes dois anos o programa do PSD foi o programa da troika. E os devedores estão sempre à mercê dos credores, mesmo que sejam os nossos amigos e aliados europeus.
Estamos melhor com Passos do que com Sócrates? Passos diz que sim, claro, e conta como fez o milagre de acalmar os credores e tirou o coelho da cartola: mandou emigrar, baixou salários, promoveu despedimentos, aumentou os preços da saúde e da justiça e confiscou parte das pensões de reforma aos velhos que, com a idade, nem deram conta. Por isso, Passos está à espera que toda esta gente o recompense nas próximas eleições.
(*) V. O Estado e a Revolução, de V. I. Lenin, 1917.
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