Quem vê o slideshow das imagens que Fernando Penim Redondo colheu das instalações (vandalizadas) da INDEP*, antes da demolição, em 2007, fica com a sensação de que a indústria nacional de armas e munições acabou por ser vítima de uma destruição idêntica à que ela própria propagou, através dos produtos que fabricou.
Sem direito a ser considerada como património industrial e apagada da memória do local, a destruição seria quase total, não fora um artigo da TDSnews**, de Julho 2010, intitulado A muito incrível história da LUSA, a arma portuguesa made in USA, que vale a pena ler, como um exemplo claro da forma como em Portugal se tem conseguido sucessivamente liquidar a indústria de Defesa e negligenciar o interesse nacional.
Os actuais detentores do projecto Lusitânia da arma sucessora da FBP - que pertenceu ao Estado Português - constituiram a empresa Lusa Usa, em cujo sítio se exibe que, em 2004, a INDEP vendeu tudo, máquinas, ferramentas , moldes e direitos de fabrico a três industriais de armas americanos.
Só faltou acrescentar que o preço do negócio foi uma quantia ridícula de 50 000 dólares (cerca de 40 000 €), como também divulgou o Correio da Manhã, que solicitou esclarecimentos ao gabinete do Ministro da Defesa e recebeu como resposta, do presidente da EMPORDEF*** que "sobre o projecto referido não temos informações".
Paulo Portas, ministro da Defesa da altura, respondeu na sua página pessoal do Facebook que já tinha apanhado o INDEP em destroços e só soube dessa tal Lusa A2 agora.
Depois do negócio dos submarinos (e das contrapartidas), que veio a público, através da justiça alemã, e do caso da aquisição à Steyer-Daimler-Puch de carros blindados em que o fornecedor não cumpre prazos, estamos, no mínimo, perante mais um negócio pouco claro, em que, provávelmente, alguém enriqueceu sem justa causa, à custa do erário público.
_______________________________________________*Indústrias de Defesa de Portugal.
**TDSnews é uma newsletter de inteligência económica das tecnologias de defesa e segurança, editada por José Mateus Cavaco Silva e André Gonçalves Nunes.
***Empresa Portuguesa de Defesa (SPS), SA.
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