Há um pico a partir de 23 de Julho que nunca mais parou. Estamos com uma média de incêndios florestais de cerca de 400 novas ocorrências por dia. O valor acumulado de ocorrências de 2010 é já muito aproximado à soma de 2007, 2008 e 2009, afirmou Gil Martins, comandante operacional nacional da Protecção Civil.
A Autoridade Nacional de Protecção Civil (ANPC) registou, desde o início do ano, 14.601 ocorrências de incêndios florestais, metade dos quais ocorreram de 23 de Julho a 15 de Agosto, quando o comandante operacional conferiu para os media o balanço de sinistros florestais.
Os bombeiros de todo o país têm-se deslocado para os locais das ocorrências e estão na primeira linha, com elementos do exército e com a população, na luta contra o fogo. Apesar da bravura no combate, tem sido notória alguma descoordenação, bem patente nas declarações de alguns autarcas (que coordenam localmente a protecção civil), quando questionam que não seja dada prioridade à defesa das povoações e habitações e acusam o Estado de falta de prevenção ao não investir na limpeza das suas matas.
Realça-se que este ano as chamas têm consumido sobretudo a flora (e por consequência a fauna) dos Parques Naturais da Serra da Estrela e da Peneda-Gerês, de propriedade pública na sua quase totalidade, e que as medidas cautelares de prevenção são um imperativo de bom senso, fora do âmbito das medidas actuais de poupança nacional.
Se as alterações climáticas de subida de temperatura. com ondas de calor e temperaturas médias superiores em 5 graus aos valores médios, são importantes, há outros factores mais próximos da acção do homem e da organização do Estado mais determinantes. Como o fogo posto, a falta de vigilância e/ou a permissividade perante este tipo de condutas anti-sociais. Como o caos e a desorganização resultantes do PRACE (a partir de 2007) e da diminuição de carreiras da administração pública e a provável nomeação, nos dois casos, de dirigentes e trabalhadores inadequados às funções e competências dos organismos da protecção civil.
Para além dos prejuízos materiais e ambientais, os fogos florestais provocaram, nestes última década, 25 bombeiros mortos, que generosamente combatiam este flagelo, ao serviço da comunidade. Este ano morreu João Pombo, de 42 anos, dos Bombeiros de Alcobaça, que foi vítima de despiste do autotanque da corporação em S. Pedro do Sul.
A vítima mais recente foi a bombeira dos Voluntários de Lourosa Josefa, de 21 anos, que vivia com a mãe, estudava engenharia biomédica no Porto e trabalhava como caixeirinha num supermercado. Acumulava trabalhos e não cargos - e essa pode ser uma primeira explicação para a não conhecermos, escrevia Ferreira Fernandes no DN, de 12 de Agosto. Josefa morreu em Monte Mêda, Gondomar, cercada das chamas dos outros que foi apagar de graça. Ficámos, então, a saber que há jovens de 21 anos que são simultâneamente estudantes, trabalhadores e bombeiros.
Um exemplo para todos nós.
Um exemplo para todos nós.
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