domingo, 17 de junho de 2012

O RESGATE DO TERREIRO DO PAÇO

O acompanhamento e a gestão da conservação do conjunto monumental do Terreiro do Paço esteve, de 30 de Abril de 1929, até à sua extinção, em 27 de Agosto 2007, a cargo da Direcção-Geral dos Edifícios e Monumentos Nacionais (DGEMN). Fazia sentido que fosse um único organismo - também sediado na Praça do Comércio - a coordenar a manutenção de um espaço emblemático da cidade e do País, ocupado por várias entidades, principalmente ministérios e gabinetes de ministros, que celebrizaram o Terreiro do Paço como símbolo do poder.
Com a morte da DGEMN, que prestava um serviço público não remunerado, sucederam-lhe vários organismos (IGESPAR, DRCLVT e IHRU) e empresas públicas deficitárias (Frente Tejo, Parque Expo...) a pretenderem substituir a nossa Direcção-Geral, através de um serviço remunerado, altamente oneroso do bolso do contribuinte, sem história, sem experiência em reabilitação  e sem qualidade. Substituir um organismo por várias entidades   - que por serem várias têm dificuldade em coordenar e centralizar -, bem mais caras e que prestam um serviço bem pior, constitui um caso cada vez mais paradigmático da má gestão do País. Porque não se aplica o princípio da melhoria incontestável ? Nem sempre compensa mudar.
Na véspera do 10 de Junho, foi inaugurada mais uma fase da nova imagem da Ala Oriental (agora baptizada de "Nascente" a condizer)  como espaço de lazer ao nível do claustro, com esplanadas, restaurantes, cafés, uma discoteca, um museu e a florista, que deixou de pagar renda a um empreiteiro pela guarda das flores e, passou a pagar à Câmara de Lisboa.  «Era um local que não rendia um cêntimo sequer e agora vai gerar uma riqueza de 1,8 milhões, só em rendas, além do lucro conseguido por casa estabelecimento», diria, na oportunidade, António Costa, imbuído do espírito comercial com que a crise tem inspirado os nossos autarcas.
De resto, foi no âmbito dessa proclamada inspiração, que ontem tivemos - em mais um evento comercial dos supermercados Continente -, o campo na Praça do Comércio,  com árvores, porcos, galinhas e perús, a invadir a cidade. Para quem não tivesse notado, fica demonstrado que a crise despromoveu definitivamente o Terreiro do Paço e que o poder já há muito se mudou para Bruxelas. Os vestígios que restam não passam de simples encenação.

Ligações:Agora é que a Ala Nascente vai mesmo nascer (Veja como vai ficar a Ala Oriental); Terreiro do Paço tem novo espaço de lazer; Ala Nascente - Terreiro do Paço (Turismo de Portugal).

Sem comentários:

Enviar um comentário

LinkWithin

Related Posts with Thumbnails
                    TEMAS PRINCIPAIS
AUSTERIDADE  -  CONTAS PÚBLICAS  -  CONTRATAÇÃO PÚBLICA  -  CORRUPÇÃO  -  CRISE FINANCEIRA  -  CULTURA  -  DESPORTO  -  DGEMN  -  DIA COMEMORATIVO  -  DIREITOS FUNDAMENTAIS  -  DÍVIDA PÚBLICA  -  EDUCAÇÃO  -  ECONOMIA & FINANÇAS  -  ESTADO DA NAÇÃO  -  ÉTICA  -  HABILITAÇÕES  -  HUMOR  -  JUSTIÇA  -  LEGALIDADE  -  NOMEAÇÕES  -  PATRIMÓNIO IMOBILIÁRIO PÚBLICO  -  PLANO INCLINADO  -  POLÍTICA  -  POLÍTICA CULTURAL  -  PRACE  -  PRINCÍPIO DA MELHORIA INCONTESTÁVEL  -  REABILITAÇÃO  -  TERREIRO DO PAÇO