sexta-feira, 29 de novembro de 2013

ACABEMOS COM OS APERTOS DE MÃO

Numa altura em que os antibióticos são cada vez menos eficazes e fazem recear o regresso às epidemias infecciosas do passado, uma das primeiras medidas a tomar seria talvez deixar de apertar as mãos. O portal Atlantic, com base mum estudo muito sério do Journal Of Hospital Infection, recomenda doravante a saudação de tocar os punhos, para salvar vidas.
A origem do contacto de punhos, hoje muito popular entre os jovens, não é clara. Alguns evocam hábitos desportivos para evitar danificar as falanges nos apertos de mãos demasiado viris; outros vêm nisso mais uma prática de grupos e bandas para afirmar a sua solidariedade e a força dos seus punhos.
Pouco importa dizer que o aperto de mão pertence ao passado, quando era preciso verificar se a mão apertada escondia um punhal ou uma espada. Hoje em dia, é perigoso para a saúde. Uma equipa de investigadores da Universidade de Virgínia escreveu em The Journal of Hospital Infection que, depois de terem lavado as mãos, perto de 80% das pessoas conservam nos dedos e nas palmas das mãos bactérias susceptíveis de transmitirem doenças.
A equipa de investigadores dirigida por Tom McClellan concluiu que o aperto de mão expõe 3 vezes mais ao contágio a superfície da pele que o contacto de punhos, que e tem uma duração 3 vezes menor. Daqui, deduz-se que num hospital o toque de punhos é uma alternativa eficaz ao aperto de mãos, podendo levar à diminuição da transmissão de bactérias e à melhoria de segurança e saúde dos doentes e do pessoal. 
É dentro desta lógica que as maçanetas das portas têm 5 vezes mais bactérias que as portas de empurrar e, por isso, as maçanetas foram banidas das portas dos hospitais.
Por conseguinte, cumprimentar através do contacto de punhos fechados é recomendável também fora dos hospitais. Só que isso torna-se complicado no plano social: recusar apertar a mão é falta de respeito e de delicadeza. Mas, é previsível que não teremos muito em breve outra escolha.
Há poucos dias, por ocasião do Dia Europeu de Sensibilização para os Antibióticos, investigadores britânicos deram conta dos seus receios num editorial de The Lancet Infections Diseases, ao referirem que o aparecimento de bactérias multiresistentes poderia conduzir à destruição de numerosos progressos médicos verificados neste século; e que essas bactérias se encontram muitas vezes nas palmas das nossas mãos.

Ligações: Antibiotiques : la guerre contre les bactéries en passe d’être perdue? [Futura-Santé]; The Fist Bump Manifesto [The Atlantic]; Reducing pathogen transmission in a hospital setting. Handshake verses fist bump: a pilot study [The Journal of  Hospital Infection]; Antibiotic resistance: global response needed [The Lancet - Infectious Diseases]; Imagining the Post-Antibiotics Future [Medium]; Can the fist bump replace the handshake in the UK? [BBC News Magazine Monitor]; Is the fist-bump a ‘low-class’ gesture? [True / Slant].

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