domingo, 24 de novembro de 2013

QUANDO O NOSSO MAL É A DISFUNÇÃO ERÉCTIL

Antes da disfunção eréctil (DE) fazer parte da linguagem comum, não se falava muito nela, nem era bem compreendida, sendo sinónimo de impotência, uma palavra que deixava muita gente envergonhada. Este termo foi  amplamente substituído por disfunção eréctil (DE)  e reflecte a aceitação crescente - que afecta muitos homens durante a sua vida - da impossibilidade de produzir ou manter uma erecção numa relação sexual. 
Agora, largamente tida como uma doença de possível tratamento, em grande parte - graças à publicidade das empresas farmacêuticas -, a DE tem sido objecto de intensas investigações, das quais resultaram avanços médicos substanciais. E 2013 tem sido um ano notável para comemorar muitos deles: o 15º aniversário da aprovação, pela agência americana Food and Drug Administration (FDA), do Viagra - o primeiro medicamento oral para tratar a DE - juntamente, com o 30º aniversário das injecções e do 40º aniversário dos implantes no pénis.  
Na vanguarda da investigação está Irwin Goldstein, director do Instituto de Medicina Sexual de San Diego, que falou ao jornal US News & World Report das ideias mais recentes sobre a DE e daquilo que os consumidores devem saber sobre a matéria. Eis um pouco da sua visão e do seu conselho (lido no US News Sexual Center: Treating Erectile Disfunction):

1. O Viagra é uma droga segura, mas cuidado com as imitações.
O Viagra é a droga mais estudada do planeta, diz Goldstein, que foi o autor principal de um estudo relativamente recente  (publicado em 1998) no New England Journal of Medicine. O sucesso do Viagra levou à explosão da actividade de falsificação, acessível online, contendo ingredientes duvidosos e perigosos, como tinta comercial e de impressora. De acordo com um estudo de Goldstein com a Pfizer, os fornecedores da internet que reclamam a venda de Viagra autêntico, fornecem droga falsificada em 77% dos casos. Quem compra medicamentos online deve certificar-se [nos EUA] que a farmácia está acreditada nos Verified Internet Pharmacy Practice Sites da National Association of Boards of Pharmacy.

2. A DE pode indiciar outros problemas de saúde.
Chamamos-lhe o canário na mina de carvão. É uma visão antecipada da saúde do seu sistema vascular. A probabilidade de doença aumenta com a idade, afectando 30% dos homens com 30 anos, 40% dos homens com 40, 50% dos homens de 50, etc. Os vasos sanguíneos podem entupir com a idade, diminuindo o fluxo de sangue no pénis. Entre os homens que fizeram ataque cardíaco, 80 a 90% vão ter DE. Embora a DE possa ser devida principalmente a problemas vasculares, a saúde, o perfil psicológico, o estado neurológico, muscular e hormonal também desempenham um papel importante.

3. Obtenha ajuda e fique saudável.
Muitas vezes a(o) nossa(o) parceira(o) pode detectar um problema que pode não se verificar. Goldstein propõe que a(o) nossa(o) parceira(o) aborde o assunto francamente. Amo-te mas não és tão eficiente como costumas ser. Precisas de ir ao médico. E, quando for ao médico, não chega pedir ou receber uma receita de um dos medicamentos padrão para a DE, como Viagra, Levitra e Cialis. Peça para lhe medirem a pressão sanguínea e para fazer análises ao colesterol e à glucose para conferir o seu estado de saúde. Deve ser cauteloso e saber se está no caminho errado e se pode, com a sua idade, seguir em frente.
Fazer exercício, perder peso e seguir uma dieta saudável podem ajudar a resolver os problemas, mas Goldstein avisa que andar de bicicleta pode causar DE. Também aproveita a oportunidade para referir a necessidade de apoio à carga emocional provocada numa família em terapia conjugal, idêntico ao prescrito pela American Association of Sexuality Educators, Counselors and Therapists.

4. Mais apoio para os homens.
Segundo Goldstein, durante os últimos anos, tem havido uma explosão de investigação voltada para a disfunção sexual masculina. Por exemplo, em duas experiências para o novo medicamento (avanasil), é determinante a actividade sexual do homem, o que vai em sentido contrário ao das prescrições correntes de tomar a pílula e ficar à esperar que o parceiro tome a iniciativa das relações. Já, em relação à saúde sexual feminina não houve simples medicamento para mulheres que tivesse sido aprovado pelo governo, embora haja muita documentação sobre os problema sexuais femininos.
Enquanto muitos tratamentos para homens podem ajudar as suas parceiras, há um esforço para melhorar a saúde sexual conjunta de homens e mulheres. Goldstein dá, como exemplo,  um antidepressivo chamado vilazodone, fabricado de modo a produzir substancialmente efeitos secundários mais baixos que drogas similares, quer em homens, quer em mulheres.

5. Fale de sexo.
Parte da vergonha em falar da DE radica-se na falta de discussão e de educação sobre sexo, segundo Goldstein. Os pais não falavam dele. A escola também não. E os médicos não educavam. Basicamente, vai-se à internet para aprender pornografia... Este tem sido o método de aprendizagem comum nos EUA. Para Goldstein, o sexo é simplesmente mais um processo biológico cujas feridas magoam qualquer um, mas que está a caminhar para a educação crítica do sexo seguro e saudável.


Ligações: Erectile Dysfunction [US News / Health]; Paul Offit Takes On Alternative Medicine [US News / Health]; Heart Health Center — News, Articles and Research [US News]; Diet and Fitness [US News]; Your Guide to Exercising Through the Ages [US News]; Bicycle riding and Erectile Dysfunction [sexualMed.org]; Teaching Your Kids About Sex: Do's and Don'ts [US News]; 11 Health Habits That Will Help You Live to 100 [US News]; Virilité ou chevelure? C'est l'une ou l'autre! [Slate.fr]; Dysfonctionnement érectile: deux nouvelles causes, deux! [Slate.fr]; Zut, Le «Viagra» Féminin Serait Trop Efficace [Slate.fr] Unexcited? There May Be a Pill for That [NYT].

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