Com o episódio de ontem, terminou o popular programa de sátira política e social da RTP1, "Contra-Informação". A réplica portuguesa de "Spitting Image", protagonizada por bonecos manipulados, não terá resistido aos 15 anos consecutivos com que divertiu os espectadores. O epitáfio foi lido por José Fragoso, director de programação da RTP: os programas têm um princípio e um fim. Claro.
Populares personagens, como Francisco "Trotskã", "Cassete" Jerónimo e Paulo "Tortas" foram ontem à Assembleia da República despedir-se dos seus originais. Este gesto terá sensibilizado alguns deputados, que, por ventura, deverão mais da sua popularidade aos populares bonecos televisivos, do que propriamente ao trabalho que desenvolveram.
Agora, sem "Contra-Informação" e com os "Gatos Fedorentos" em silêncio, pouco nos resta para nos rirmos da crise, senão revermos episódios e escritos antigos, como aquela entrevista* do nosso Primeiro ao DN, de 16 de Setembro de 2000, em que perguntado "Eng. José Sócrates, vamos vê-lo um dia como primeiro ministro ?" responde:
- Não! Primeiro, porque não tenho o talento e as qualidades que um Primeiro Ministro deve ter. Segundo, porque ser Primeiro Ministro é ter uma vida na dependência mais absoluta de tudo, sem ter tempo para mais nada. É uma vida horrível e que eu não desejo. Ministro é o meu limite. Aceitei pagar este preço. Mais nada do que isso.
Mudam-se os tempos, mudam-se as vontades. Sócrates passou a gostar da vida horrível para ele e, também (mas noutro sentido). para os seus concidadãos.
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*Extracto publicado nos blogues Devaneios a Oriente e Risco Contínuo e, ainda, aqui.
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