Após alienar os direitos especiais (golden shares) do Estado em empresas estratégicas, sem qualquer contrapartida correspondente à mais-valia introduzida, o Governo prepara-se, agora, também por imposição da troika, para alienar participações públicas em empresas como a GALP, a EDP, AdP, CP, TAP, ANA, CTT e RTP.
Com empresas de sectores estratégicos totalmente privatizadas, como vai o País conseguir que a gestão dos novos accionistas estrangeiros seja compatível com o interesse nacional ? A questão é pertinente.
E, enquanto em Portugal, a presença do Estado no sector empresarial vai ficar brevemente reduzida à CGD e às empresas de transportes e municipais endividadas, os nossos parceiros europeus continuam a controlar directa ou indirectamente as suas utilities (e não só). A democracia entre Estados é como a democracia entre cidadãos: são todos iguais, só que alguns são mais iguais que outros e quem está endividado fica nas mãos dos credores.
Confira, no quadro seguinte, a participação dos respectivos capitais públicos (percentagens entre parênteses) em algumas das suas empresas de referência.
Espanha
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França
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Itália
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Alemanha
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Eléctricas | REE (20) | EDF (84,5) RTE (84,5) | ENEL (31,2) Finmeccanica (100) | RWE (16) EWE AG (100) |
Gás | Enagas (5) | GDF Suez (36) | ||
Petrolíferas | ENI (30) | |||
Ferroviárias | Renfe (100) ADIF (100) | SNCF (100) RFF (100) | Ferrovia dello Stato (100) | Deutsche Bahn (100) |
Correios | Correos (100) | La Poste (100) | Poste Italiane (100) | Deutsche Post (69,5) |
Telecom | France Telecom (13,4) | Deutsche Telekom (32) | ||
TV | RTVE (100) | France Television (100) | RAI (100) | ZDF (100), ARD (100) |
Diversos | Aena (100) | Aeroport de Paris (52) Keolis Aeroport (56,5) EADS (24,5) | Hypo Real Estate Bank (100) Sparkasse (100) Volkswagen (20) |
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