Depois de Fernando Nobre ter surgido como cabeça de lista independente do PSD por Lisboa, foi agora a vez de Basílio Horta, fundador do CDS e candidato presidencial contra Mário Soares, ser anunciado como cabeça de lista do PS por Leiria.

A sua simpatia pelo PS vem de 2002, quando apoiou a candidatura de António Costa à Câmara de Lisboa, tendo, então, escrito ao presidente do CDS a pedir a suspensão ou a renúncia ao estatuto de militante. Paulo Portas nunca lhe disse nada, por amizade, mas, a partir daí, nunca mais teve nenhum contacto com o seu anterior partido.
Basílio, que é presidente do AICEP, confessa que tem estima e consideração por Sócrates, e que aceitou o cargo de cabeça-de-lista do PS, com gosto e vontade de voltar à política, não havendo nenhum compromisso para suceder, no ministério dos Negócios Estrangeiros (MNE), a Luís Amado, actualmente um herege do socratismo, que declarou no congresso à TVI que o PS não tem obrigação de ir para o governo. Seria até bom que o PS fizesse a sua cura de oposição.
A serôdia conversão de Basílio Horta ao PS é bem evidente quando diz que não pensa que seja bom o PS fazer a sua cura de oposição e que ainda não sabe se o PS ganhará as eleições, mas promete fazer tudo para isso.
Se é patente uma certa ingenuidade política na candidatura de Fernando Nobre pelo PSD, que ressalta da sua notória independência e generosidade (que transparece da entrevista concedida ontem à RTP) e comprovada por uma vida dedicada à causa humanitária (através da AMI), já a candidatura de Basílio Horta, qual voo de fénix renascida nos antípodas, branqueando todos os seus antecedentes políticos - nomeadamente de fundador do CDS - não abonam coerência, nem convicção. A menos que os partidos políticos tenham gradualmente renunciado à sua ideologia política e se tenham transformado em autênticos clubes de futebol, em que o que interessa é ganhar a qualquer preço.
Sem comentários:
Enviar um comentário