Na II República, de Maio de 1974 até à actualidade, tivemos seis Presidentes da República, dos quais os três primeiros eram militares e os outros três civis ligados aos dois maiores partidos políticos: Mário Soares e Jorge Sampaio ao PS e Cavaco Silva ao PSD.
No início da semana, os três últimos presidentes que, antecedendo Cavaco, exerceram o cargo durante uma década cada um, foram distinguidos com o doutoramento honoris causa pela Universidade de Lisboa, e, à noite, estiveram juntos no Prós e Contras (RTP 1) para falarem a situção actual do País.
Ficámos com a ideia síntese do debate de que, afinal, a culpa da crise que se avizinha não é do Governo que governa (?!) mas da oposição, que não governa, nem se entende com o Governo. E, porventura, a culpa será também dos cidadãos que votam (para ter governantes sérios e competentes) mas não trabalham e andam mal informados*.
Eanes iniciou o debate expressando, em relação à situação actual, o sofisma - que teríamos dificuldade em lhe atribuir -, de que "não há ninguém inocente" . Referiu que na II República as contas públicas nunca estiveram equilibradas e que se devia falar verdade aos portugueses, o que nos fez logo traçar um paralelo entre o discurso eleitoral (de Sócrates e de Manuela Ferreira Leite) e o correspondente critério de verdade (o número de votos e o número da dívida pública). A cada critério a sua verdade (ou a sua ficção). E os números variam todos os dias e a todas as horas... daí que Eanes tivesse contextualizado que "numa sociedade de medos, os governos têm medode dizer a verdade à sociedade civil" e, por isso, é que Sócrates revelou o gosto muito especial em cumprimentar telefonicamente directores de media como o "Sol" e os deputados estiveram tão curiosos a saber quem controlava a TVI.
Sampaio divergiu de Eanes em relação aos culpados da crise, corrigindo que uns são mais responsáveis que outros e, talvez por nunca ter sido primeiro ministro, manifestou optimismo em relação à recuperação da economia portuguesa, apelou a um acordo PS-PSD e prenunciou: "Saibamos mostrar ao mundo que em momentos difíceis sabemos fazer acordos".
Já Soares - um ex-primeiro ministro que nunca gostou muito de números, mas que já adivinhava uma situação grave de crise económica - mostrou-se preocupado com o ataque dos mercados internacionais se não houver um entendimento PS-PSD, acima das relações pessoais dos líderes, cuja deterioração provém, segundo todos nos apercebemos, de falarem de duas realidades orçamentais diferentes: uma que o Governo conhece (ou devia conhecer) bem e a outra, que o PSD e os outros partidos da oposição não conhecem, porque não lha fornecem com o rigor como deviam.
Soares contou a história do encontro fortuito, há já algum tempo, com Sócrates em que este se regozijou por estar a reduzir o défice e, perante as reticências de Soares (que lê a imprensa internacional) de que vinha aí uma situação mais difícil, em que o défice iria aumentar, o primeiro ministro retorquiu com um "talvez não, talvez não seja bem assim"
Ficámos com a ideia síntese do debate de que, afinal, a culpa da crise que se avizinha não é do Governo que governa (?!) mas da oposição, que não governa, nem se entende com o Governo. E, porventura, a culpa será também dos cidadãos que votam (para ter governantes sérios e competentes) mas não trabalham e andam mal informados*.
Eanes iniciou o debate expressando, em relação à situação actual, o sofisma - que teríamos dificuldade em lhe atribuir -, de que "não há ninguém inocente" . Referiu que na II República as contas públicas nunca estiveram equilibradas e que se devia falar verdade aos portugueses, o que nos fez logo traçar um paralelo entre o discurso eleitoral (de Sócrates e de Manuela Ferreira Leite) e o correspondente critério de verdade (o número de votos e o número da dívida pública). A cada critério a sua verdade (ou a sua ficção). E os números variam todos os dias e a todas as horas... daí que Eanes tivesse contextualizado que "numa sociedade de medos, os governos têm medode dizer a verdade à sociedade civil" e, por isso, é que Sócrates revelou o gosto muito especial em cumprimentar telefonicamente directores de media como o "Sol" e os deputados estiveram tão curiosos a saber quem controlava a TVI.
Sampaio divergiu de Eanes em relação aos culpados da crise, corrigindo que uns são mais responsáveis que outros e, talvez por nunca ter sido primeiro ministro, manifestou optimismo em relação à recuperação da economia portuguesa, apelou a um acordo PS-PSD e prenunciou: "Saibamos mostrar ao mundo que em momentos difíceis sabemos fazer acordos".
Já Soares - um ex-primeiro ministro que nunca gostou muito de números, mas que já adivinhava uma situação grave de crise económica - mostrou-se preocupado com o ataque dos mercados internacionais se não houver um entendimento PS-PSD, acima das relações pessoais dos líderes, cuja deterioração provém, segundo todos nos apercebemos, de falarem de duas realidades orçamentais diferentes: uma que o Governo conhece (ou devia conhecer) bem e a outra, que o PSD e os outros partidos da oposição não conhecem, porque não lha fornecem com o rigor como deviam.
Soares contou a história do encontro fortuito, há já algum tempo, com Sócrates em que este se regozijou por estar a reduzir o défice e, perante as reticências de Soares (que lê a imprensa internacional) de que vinha aí uma situação mais difícil, em que o défice iria aumentar, o primeiro ministro retorquiu com um "talvez não, talvez não seja bem assim"
Com elogios ao actual Presidente da República, pelos sucessivos que tem feito ao bom senso, para que o OE seja aprovado, Mário Soares lembrou que vai ser necessário haver mais cortes e que estes devem ser repartidos de forma mais equitativa e reduzir drásticamente o despesismo do Estado.
Sobre quem deve tomar a iniciativa de um acordo PS-PSD**, se Sampaio não se imaginou num jardim-escola para dizer o que cada um devia fazer, Eanes imputou-a a quem governa e Soares, "panegericando" Passos Coelho por ter estendido a mão a Sócrates no PEC II, falou em solução comum.
E se Sócrates não se entender com Passos Coelho*** e não despertar da dúvida metódica relativa ao défice manifestada no tal encontro fortuito com Soares, vamos ter esperança, que alguém vai aparecer e há-de resolver. Brevemente, numa manhã de nevoeiro, D. Sebastião aparecerá no Palácio de Belém e encerrará a II República.
___________________________________________* Provávelmente confundem informação e propaganda...
** omitindo democráticamente os outros partidos.
***corre na net que Passos terá recebido um e-mail do Papa a recomendar-lhe que não pec mais :).
Sugestão: Veja o nosso artigo "Austeridade: A reflexão do Padre Ventura"
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