Em 2 Junho 2007, prestes a lançar o seu livro de memórias "Solidão Povoada", Carlos Castro concedeu uma entrevista a José Fialho Gouveia (revista Tabú, do semanário Sol). Falou do pai que o amarrava à mesa, do vizinho que o violou aos seis anos e das muitas vezes em que foi abusado na prisão. Recordou o tempo em que viveu na rua, os amores e o sucesso que conquistou. A terminar, premonitóriamente, afirmou na entrevista que o seu fim estava próximo.
Por que decidiu publicar este livro agora, visitar tantos fantasmas e revelar tanta coisa?
Porque penso que o meu tempo de vida está a acabar.
Está doente?
Não. É algo que sinto.
Tem a certeza de que o fim está próximo?
Absoluta. É uma certeza minha. Profundamenteminha. Tenho noção de que muita gente por esse país fora irá deitar uma lágrima e dizer que morreu um grande homem. Pelo menos aquelas que me cumprimentam na rua e que gostam de mim.
Diz que o fim está próximo. Quão próximo?
Próximo. Já ultrapassei os 60 e não tenho apetência para uma caminhada muito mais longa.
Termina o livro escrevendo: ‘Quando morrer quero ser cremado. As minhas cinzas atiradas pelas ruas da Broadway, em Nova Iorque. Não me perguntem porquê’. Porquê?
[com os olhos cheios de lágrimas] Muita coisa me marcou em Nova Iorque. O bom teatro da Broadway, os grandes concertos que vi. Sinatra, Liza Minelli, Aretha Franklin. Poucos podem dizer que vi. Eu vi, viajei e toquei. O Carlos Castro é muito mais do que um cronista de costumes.
Sugestão: Leia também o artigo do "i" de um caso em que o assassino não se assumia como homossexual: Trumps. A lenda do Gay Artur ou as coincidências de um assassinato .
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