O quadro macroeconómico que se antevê para o futuro próximo é particularmente severo. O Programa de ajustamento económico e financeiro contempla uma nova recessão em 2011, de magnitude elevada, que persistirá em 2012. Esta recessão prolongada será acompanhada de uma contração sem precedentes do rendimento disponível real das famílias e de novos aumentos da taxa de desemprego.
Em paralelo, o Programa preconiza uma forte alteração do quadro institucional vigente e uma reforma profunda no funcionamento dos mercados de trabalho e de produto, bem como no papel do Estado na economia.
Globalmente, e tendo por base uma avaliação comparativa com as melhores práticas a nível europeu, pode concluir-se que as medidas inscritas no programa deverão criar as bases para um crescimento económico sustentável no médio prazo. Adicionalmente, o Programa é equilibrado, nomeadamente ao mitigar o impacto adverso do ajustamento económico sobre os segmentos mais vulneráveis da população.
Persistem, não obstante, riscos de implementação signifi cativos, de origem interna e externa. No plano interno, será essencial assegurar um suporte social e político abrangente e estável, assente numa consciência coletiva dos benefícios das medidas no médio e longo prazo, de forma a conter e diminuir a pressão de interesses instalados e desbloquear impasses institucionais. Esta necessidade de um suporte social e político abrangente e estável, que se aproprie e assuma o processo de ajustamento da economia portuguesa, será tanto mais crucial quanto será decisiva para um cumprimento estrito dos objetivos do Programa, mesmo perante eventuais desenvolvimentos externos adversos, e para relançar o processo de crescimento sustentado da economia portuguesa.
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