Teixeira dos Santos fez, provávelmente, ontem, aquela que deve ter sido a sua última intervenção pública como ministro das finanças de Sócrates. Apresentou precisamente as medidas de austeridade para os próximos 3 anos, resultantes do memorando de entendimento com a troika e prenunciou um adeus aos portugueses ao falar na sensação do dever cumprido e na convicção de que o esforço não foi em vão.
Teixeira dos Santos foi ignorado nas listas do PS e entrou em clara rota de colisão com o PM, principalmente quanto ao timing do pedido de ajuda externa, que gostava que tivesse sido mais cedo, ao contrário de Sócrates. Aliás, é no seguimento desta divergência, que Sócrates pretendeu substituir Teixeira (consta que sondou Cavaco para o efeito), tendo mesmo nomeado outro ministro (Silva Pereira) para o controlar nas negociações com a troika.
De resto, as divergências entre PM e T. Santos são bem visíveis nas respectivas comunicações, na sequência do memorando de entendimento com a troika. Enquanto Sócrates fez uma comunicação para dizer que ia aumentar as pensões mais baixas, o ministro das Finanças admitiu que o acordo não é, reconheçamos, portador de boas notícias. E defendeu que a decisão de pedir ajuda externa foi das decisões mais importantes tomadas neste país nos últimos anos, enquanto, no passado recente, José Sócrates chegou a referir-se ao pedido de resgate como uma perda de prestígio e de dignidade para o país.
Por último, o epílogo do debate sobre o pacote de austeridade, na Assembleia, em que Teixeira saíu por uma porta e o ministro dos Assuntos Parlamentares por outra, constitui o corolário dessa dissonância e de que Sócrates não convive bem com quem diverge dele, anulando opositores internos (no governo e no partido) e hostilizando deselegantemente opositores externos, como se verificou na última reunião com Passos Coelho, que terminou com Sócrates aos berros, como o Expresso revelou.
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