As autoridades alemãs estão a pressionar a Grécia e já se fala até em risco de expulsão da União Europeia. Pode acontecer com Portugal?
Seria um enorme desastre económico. Houve países com dificuldades de pagamentos internacionais, mas não estavam numa zona de moeda comum. Se pressões como estas se estendessem a Portugal, isso significaria que os salários e as pensões e a propriedade dos portugueses desvalorizariam profundamente. Para alguém que tivesse um crédito à habitação a 35 anos, se o seu salário passar a ser pago em escudos desvalorizados, a dívida passa a valer o dobro e continua a existir. Não é possível aceitar uma estratégia de saída do euro, é totalmente irresponsável, impensada.
Qual a sua primeira medida se chegar ao governo?
A resposta à precariedade. Mas a grande questão a partir de segunda-feira é a renegociação da dívida, é baixar os juros do empréstimo. O que não podemos aceitar é aquilo que está atrás do tal muro da vergonha. A renegociação da dívida é a chave para recompor as condições de crescimento da economia portuguesa.
Mas porquê renegociar já?
Porque daqui a um ano negociaremos como a Grécia, à beira da bancarrota. E quem está desesperado não tem poder de negociar. Agora ainda podemos. Por isso me dirijo aos eleitores do PS. Se eles votarem José Sócrates, o que vai ele fazer com esse voto? É nisso que vou insistir nos últimos três dias de campanha. Sócrates vai privatizar parte da Caixa Geral de Depósitos, vai fazer um acordo com Paulo Portas, vai atacar os subsídios de desemprego, congelar pensões e diminuir salários. O voto que uma pessoa hesitante na esquerda possa dar a José Sócrates vale à esquerda enquanto estiver na mão da pessoa. E vale na política da bancarrota quando estiver no bolso de José Sócrates. Precisamos de um 25 de Abril novo para a esquerda portuguesa, caso contrário a bancarrota não é só uma probabilidade, mas uma certeza.
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